Ao clarão do Natal, que em ti acorda
a música da esperança, escuta a voz
de alguém que te busca o ninho da própria alma!...
Alguém que te acende a estrela da generosidade nos olhos
e te adoça o sentimento, qual se trouxesses
uma harpa de ternura escondida no peito.
Sim, é Jesus, o amigo fiel, que volta.
Ainda que não quisesses,
lembrar-lhe-ias hoje os dons inefáveis,
ao recordares as canções maternas
que te embalaram o berço, o carinho de teu pai,
ao recolher-te nos braços enternecidos,
a paciência dos mestres que te guiaram na escola
e o amor puro de velhas afeições que te parecem distantes.
Contemplas a rua, onde luminárias e cânticos
lhe reverenciam a glória; entretanto,
vergas-te ao peso das lágrimas que te desafogam o coração...
É que Ele te fala no íntimo,
rogando perdão para os que erram, socorro aos que sofrem,
agasalho aos que tremem na vastidão da noite,
consolação aos que gemem desanimados
e luz para os que jazem nas trevas.
Não hesites! Ouve-lhe a petição e faze algo!...
Sorri de novo para os que te ofenderam;
abençoa os que te feriram; divide o farnel com os irmãos
em necessidade; entrega um minuto de reconforto
ao doente; oferece uma fatia de bolo aos que oram,
sozinhos, sob ruínas e pontes abandonadas;
estende um lençol macio aos que esperam a morte,
sem aconchego do lar; cede pequenina parte de tua bolsa
no auxílio às mães fatigadas, que se afligem ao pé
de filhinhos que enlanguescem de fome,
ou improvisa a felicidade de uma criança esquecida.
Não importa se diga que cultivas a bondade
somente hoje quando o Natal te deslumbra!...
Comecemos a viver com Jesus,
ainda que seja por algumas horas, de quando em quando,
e aprenderemos, pouco a pouco, a estar com Ele,
em todos os instantes, tanto quanto Ele permanece conosco,
tornando diariamente ao nosso convívio
e sustentando-nos para sempre.
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