Herman e eu fechamos nossa loja e nos arrastamos para casa. Eram 11 horas da noite, véspera do Natal. Estávamos extremamente cansados. Tínhamos vendido todos os nossos brinquedos, exceto um, já embrulhado por um dos vendedores, que fora reservado mas a pessoa não retornou.
Na manhã de Natal, logo cedo, nosso filho de doze anos, Tom, abriu seus presentes e se divertia. Mas havia algo de estranho naquele Natal. Eu sentia uma persistente vontade, um desejo que parecia estar me mandando voltar à loja. Olhando para a calçada escorregadia lá fora, eu disse para mim mesma:
- Isso é loucura. Nada há a fazer lá.
Tentei despachar aquela vontade, mas ela não me deixava em paz. Aliás, ficava mais forte. Finalmente, eu não pude mais esperar e me vesti. Do lado de fora o vento era cortante e congelava meu rosto. Tateando, escorregando e deslizando, cheguei à loja.
Em frente, estavam dois meninos, um de aproximadamente nove anos e o outro de seis.
- Viu, eu não disse que ela viria? O mais velho disse jubiloso. O rosto do mais jovem estava molhado com lágrimas, mas quando ele me viu seu choro parou.
- O que vocês dois fazem aqui fora? Perguntei, me apresando à colocá-los para dentro da loja. Vocês deveriam estar em casa num dia como este!
- Estávamos esperando por você, respondeu o mais velho. Meu irmão não ganhou nada no Natal. Nós queríamos comprar um par de patins. É isso o que ele queria ganhar. Temos três dólares, disse puxando as notas de seu bolso.
Olhei o dinheiro. Olhei seus rostos cheios de expectativas. E então olhei ao redor da loja.
- Sinto muito, eu disse, mas não tem mais nenhum brinquedo! Então minha vista parou sobre aquele embrulho solitário na prateleira atrás do balcão.
- Espere um minuto, falei aos meninos.
Fui até o balcão, peguei o embrulho, abri e, milagre dos milagres, era um par de patins! Jimmy, o menino mais novo, correu para eles.
- Senhor, deixe que seja de seu tamanho. Pensei.
E milagre sobre milagre, eram do tamanho exato. O menino mais velho me entregou o dinheiro.
- Não, eu lhe falei, quero lhes dar estes patins e quero que usem seu dinheiro para comprar luvas.
Os meninos pareciam não acreditar, a princípio. Então os seus olhos tornaram-se brilhantes e sorrisos estamparam em seus rostos. O que vi nos olhos de Jimmy era uma bênção. Era pura alegria.
Saímos juntos da loja e, enquanto eu trancava a porta, me virei para o mais velho e perguntei,
- O que o fez pensar que eu viria?
Definitivamente eu não estava preparada para sua resposta. Seu olhar foi fixo e ele me respondeu suavemente:
- Eu pedi que Jesus enviasse você.
O calafrio na minha espinha não era de frio. Deus tinha planejado tudo isto.
Depois de acenar em despedida, voltei para casa para o Natal mais brilhante de minha vida.
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