quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Generosidade

Quanto mais caminho, mais percebo

o quanto o mundo anda sedento.

As pessoas correm, sofrem, se desesperam

e continuam buscando a felicidade

como se essa fosse apenas uma miragem

nesse imenso deserto que a vida se transformou.

Há muita gente no mundo, milhares e milhares.

Portanto, a solidão continua assolando vidas,

maltratando corações que, no fim do dia e das contas

acabam desacreditando nas portas que se abrem a elas.

Cada qual pensa no próprio eu e todo mundo se isola.

Enquanto isso, a vida continua, cresce a indiferença,

cresce o desamor, multiplicam-se as depressões

e incompreensões.

As pessoas sentem-se vazias e reagem

como pessoas vazias.

Vazias, pelo menos, de amor e caridade,

mas cheias de tristezas e desilusões.

Há, portanto, dentro de cada um de nós

um poço de possibilidades

e compartilhar de si é deixar-se um pouquinho em cada um.

Só não tem nada para oferecer

quem possui um coração vazio, não as mãos.

E acabar com a solidão de alguém é contribuir

para o fim da própria solidão.

Oferecer a esperança é dar-se a si uma nova chance,

é reabrir portas,

é descobrir o novo e entregar-se a ele.

Há melhor presente no mundo que o dom de si?

Há coisa mais bonita que saciar o coração de alguém?

Devolver a esperança, por menor que seja ela,

é dar às pessoas a oportunidade de descobrir

o outro lado da vida, aquele que,

embora um pouco esquecido, ainda existe.

O dia tem 24 horas e parece muitas vezes

que são insuficientes para fazermos tudo

o que temos que fazer.

Lamentamos a falta de tempo para isso ou aquilo

e pensamos que um dia, quem sabe,

se atingirmos a bênção da velhice tranqüila,

poderemos dar um pouco mais de nós aos outros.

Quanto engano!

Podemos dar de nós a cada dia e a cada hora,

agindo com o coração e tendo uma atitude

que nos torna diferentes em qualquer lugar.

Pode-se resistir ao ódio por muito tempo,

mas quem resiste à ternura, ao afeto,

ao amor e à boa-vontade?

Quando as pessoas agirem com menos egoísmo

e ao invés de ruminarem a própria infelicidade

começarem a agir para o bem do próximo,

as doenças da alma começarão a encontrar a cura

e o amanhecer terá para cada um de nós um outro rosto,

mais sereno, mais amigo e mais esperado.

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