quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O HOMEM DE BEM

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de
justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele
interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo
perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se
fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente
alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa
dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça
e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada
acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.

Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais
acima dos bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores,
todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem
murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo,
faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui
o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte,
e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos
serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas
que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos afli-
tos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes
de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros
antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula
os proventos e as perdas decorrentes de toda ação
generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para
com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque
em todos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não
lança anátema aos que como ele não pensam.

Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade,
tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com
palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu
desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia
de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que
ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo
e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança;
a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só
dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será
conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe
que também necessita de indulgência e tem presente esta
sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que
se achar sem pecado.”

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem,
ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura
sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente
em combatê-las. Todos os esforços emprega para
dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor
do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus
talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas
as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos
outros.

Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens
pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode
ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos,
sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que
o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo
à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros
homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são
seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes
levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho.
Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição
subalterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte, compreende os deveres
da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos
que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como
quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que
distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce
por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se
acha que a todas as demais conduz.

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