quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

PROGRAMA DE AMOR

Sob o fragor da tempestade que domina as paisagens morais
da Terra, Cristo é a Bonança, sustentando-nos na luta ingente, na
conjuntura desesperadora.

Ante as circunstâncias que se nos apresentam rudes e
calamitosas - efeito natural da irresponsabilidade e da insânia do
passado -, ao invés da posição derrotista e acomodada, neurótica e
pessimista, reunamos as forças claudicantes, investindo-as na ação
libertadora.

O programa que se nos desdobra, à frente, é um desafio ao
valor moral e à resistência espiritual dos cristãos decididos, porque
de amor.

Não obstante o socorro aos que tombaram sob a vigorosa
tormenta, e que ameaça os caminhantes descuidados, apliquemos todos os
possíveis esforços na educação e apoio da criança, trabalhando, desde
hoje, pela humanidade de amanhã.

Na raiz da violência do adulto jaz uma criança
amarfanhada, confundida, infeliz.

Em cada agressor pulsa um coração infantil assaltado pelo medo.

Na gênese do desconcerto social existe uma vida que foi
estiolada na nascedouro.

A marginalização da criança engendra a delinquência
juvenil, carreando para o adulto a loucura e a destruição.

Toda e qualquer providência que vise a mudança da atual
paisagem humana da Terra, por mais respeitável, não deverá lograr
êxito, se não tiver como suporte a criança, que prossegue sendo o
amanhecer do futuro.

Nesse sentido, todos os recursos devem ser canalizados
para esse fanal, obviamente não esquecendo de minimizar-se a situação
dos mutilados do corpo e da alma, que transitam sob conjunturas
infelizes, agredidos em si mesmo e agressores, revoltados contra todos.

Orientação sobre o sexo com responsabilidade - educação
dos adultos; conscientização em torno da estrutura familiar - educação
comunitária; dignificação do indivíduo, que deverá possuir o mínimo
que seja para sobreviver como cidadão - educação dos governantes;
orientação espiritual em torno do destino imortal, lavrado na
realidade, sem tabus nem superstição - educação religiosa; exemplo de
enobrecimento humano e respeito à criatura - educação infantil; apoio
e socorro aos carentes de pão e de paz, de amor e de solidariedade-
educação social, constituem alguns itens para, encarados de frente,
encetar-se a tarefa de transformar o momento de angústias que se vive,
nos risonhos dias de alegrias que chegarão.

Não se trata de uma fácil tarefa ou de um difícil
empreendimento, mas de um compromisso que o homem do presente mantém
em relação com a sociedade porvindoura.

Ninguém se pode escusar de iniciar este ministério: o de
preparar o futuro.

Aquele que se não considere em condições de levantar o
edifício da paz, não negue o tijolo da cooperação; quem se acredite
capaz de doar o teto, não deixe de oferecer a telha indispensável; não
podendo fazer tudo, contribua com a sua parte, porém, não se detenha a
gerar problemas, apontando erros e impedindo-se a solução deles.

O jovem carente torna-se o adulto desditoso, sem rumo.

A criança esfaimada, talvez sobreviva à falta do leite e
do pão, nos primeiros dias da vida infantil, porém, marcada pela
degenerescência cerebral, que a armará de violência e de idiotia, fará
que ela cobre a indiferença sócio-econômica de que foi vítima.

... Enquanto prolifera aritmeticamente a natalidade entre
as chamadas classes abastadas, nos guetos e favelas multiplica-se
geometricamente a vida humana que, nessa ordem, quando menos se
espere, assomará, desnutrida e agressiva, em grande mole, promovendo o
caos...

Não há, para o problema, solução de emergência. Ninguém
se deixe enganar.

Cada família seja um santuário de amor e de um teto para
o pequenino de hoje, tombado a rés-do-chão.

Cada lar abra suas portas a uma criança agora sem rumo,
oferecendo-lhe diretriz.

Cada criatura doe ternura a uma vida que começa,
encaminhando-a para o bem.

... Enquanto não chega a hora de assim proceder-se,
cooperemos com os ninhos de amor, que são os lares coletivos onde
gorjeiam esses seres canoros que, na infância inocente, merecem e
possuem o "reino dos Céus", conforme afirmou Jesus, auxiliando-os, de
nossa parte, a serem felizes nas paisagens da Terra, por onde seguem
na atualidade, para não perderem a plenitude que os aguardará no
futuro espiritual.

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