Preciso retirar a venda, reforçar no olhar, a luz.
Tantas muralhas tenho ainda para derrubar.
Como sepultar espinhos, se tormento é farpa na alma?
É preciso varrer o caminho, mudar as sandálias,
então solta-me as mãos, preciso sozinha caminhar.
Em silêncio, sem lamentos e sem mágoas, deixa-me ir,
preciso me encontrar, sito-me infante, perdida estou.
Preciso olhar o chão que piso, marcar meus passos,
Crer que tenho pernas e braços para alçar montanhas.
Modelar meu coração, crer que fui gerada com amor.
Eclodindo em carências, esse meu ser se agiganta e
agita o peito, grita, ecoando nesse espaço demarcado,
meu coração, farpas fincadas em minha garganta.
Preciso ir, varrer meu caminho, sepultar os espinhos.
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