terça-feira, 22 de julho de 2008

UM CABOCLO AGRADECIDO!

Meu Jesus, sei que Você,

enxerga o meu sofrimento.

escuta o meu lamento,

em todo canto me vê,

e é por isso que vim ter,

um papo franco e aberto,

aqui, nesse céu deserto

no meio desse roçado,

onde um dia fui jogado,

e só hoje eu sei porquê.



Como, aqui, foi meu começo,

nesse meu sertão sofrido,

onde na dor fui curtido,

um trecho que não esqueço.

e só agora agradeço,

o desvelo e o carinho,

que ao longo do meu caminho,

Você dedicou a mim,

que me faz sentir assim,

devedor do seu apreço.



Aqui, ainda criança,

nessa caatinga espinhenta

agressiva e cruenta,

eu plantei a esperança,

eu reguei a confiança,

para o medo afugentar,

e partir pra transformar,

meu sonho em realidade,

vendo que a temeridade,

entrava qualquer andança.



Meu percurso foi extenso,

complicado o meu trajeto,

mas foi esse o seu projeto,

para o meu vagar imenso,

e quando tudo repenso,

eu me sinto envergonhado,

por ter me ajoelhado,

somente na aflição,

em plena escuridão,

com o meu coração tenso.



Eu rezei a vida inteira,

a prece da ingenuidade,

como se na realidade,

existisse uma maneira,

de Deus não vê a besteira,

de cada mancada minha,

que como erva daninha,

sufocava a bondade,

manchava a fidelidade,

de gente tão verdadeira.



Quando o vento da bonança,

soprava a meu favor,,

esquecia que o amor,

era a única esperança,

pra lutar com confiança,

pra crescer com hombridade,

viver com sobriedade,

enxergar em cada irmão,

um elo de união,

o eixo de minha andança.



Eu transformava a prece,

num ato comercial,

num momento crucial,

como se Deus não soubesse,

que o infiel sempre esquece,

o apoio recebido,

que foi por Deus socorrido,

e voltará a se enredar,

preso haverá de ficar,

na teia que ele tece.



E assim deixei passar,

tantas oportunidades,

com minhas veleidades,

não vi Deus sinalizar,

o caminho a trilhar,

sacrfiquei meus amigos,

recusei tantos abrigos,

deixei na lista de espera,

tanta amizade sincera,

que hoje sinto pesar.



E me pego repassando,

cada trecho percorrido,

cada fato ocorrido,

e termino me prostrando,

com o coração sangrando,

e surgem na minha mente,

de uma forma contundente,

os anjos por Deus mandados,

por suas bênçãos guiados,

um por um vou abraçando.



Eu quero pedir perdão,

a Raquel tão dedicada,

que merece ser amada,

com extrema devoção,

que é o meu corrimão,

mas que foi sacrificada,

nessa aventura travada,

onde sonhos tão sonhados,

terminaram sepultados,

por tantas desilusões.



Numa curva perigosa,

que mudou o meu traçado,

num momento delicado,

Raquel surgiu magestosa,

meiga, linda e formosa,

sem perguntar qual o rumo,

nem se haveria aprumo,

no treho a ser percorrido,

e esse amor tão sofrido,

não sucumbe a qualquer prosa.



E Deus me deu duas filhas.

que nessa roda gigante,

nesse caminhar marcante,

enfrentaram nossas trilhas,

suportaram as partilhas,

nossa divisão de dores,

de afagos e amores,

de perdas e sacrifícios,

de temores e suplícios,

percorreram nossas milhas.



Se eu fosse enumerar,

todos os mensageiros,

os anjos missioneiros,

que Deus achou de mandar,

pra poder nos amparar,

certamente eu passaria,

escrevendo noite e dia,

o tempo que tenho ainda,

uma relação infinda,

ainda ia alguém faltar



E o mais gratificante,

foi o afeto e o carinho,

que marcou nosso caminho,

de forma emocionante,

de maneira tão marcante,

dos amigos verdadeiros,

na Net nossos parceiros,

de ternuras e agruras,

de calores e securas,

nessa vida itinerante.



Se eu pudesse abraçar,

cada um samaritano,

que num gesto tão humano,

vieram nos afagar,

procurando aliviar,

o peso de nossa lida,

sem saber de nossa vida,

tateando eu procuro,

cada rosto nesse escuro,

pra com carinho afagar.



De muitos eu só conheço,

da alma a fotografia,

que brota da poesia,

o mais fiel adereço,

o mais sincero apreço,

que nos faz acreditar,

que nós podemos mudar,

com a força do amor,

essa escala de valor,

tendo o céu por endereço.



E foi esse sentimento,

que Deus pôs no ser humano,

universal, soberano,

um divino lenimento,

que abranda o sofrimento,

a imagem e semelhança,

essa divina herança,

que atrás de um tela,

a força do amor revela,

um elo tão franciscano.



E, assim, só há um jeito,

é de cada um tirar,

do seu ser uma fração,

compondo um grupo perfeito,

livre de qualquer defeito,

pra dizer nesse momento,

que o nosso agradecimento,

é fora de dimensão,

tamanha é nossa emoção,

que não cabe em nosso peito.



Esse grupo foi formado,

e posto em uma moldura,

retocado com ternura,

em nosso peito guardado,

constantemente lembrado,

quando a Deus nos dirigimos,

e pra cada um pedimos,

saúde, paz e amor,

e um zelo protetor,

no caminho a ser trilhado.



Depois dessa cantoria,

Eu ouço Deus me dizendo,

Eu já estava sabendo,

tudo o que você diria,

essa é minha Magia,

Eu estou no seu caminho,

consertando o desalinho,

que a vida lhe aprontou,

mas vendo como lutou,

vou refazer sua via.



E eu volto pro começo,

lá pro meio da caatinga,

procurando uma restinga,

pra partir pro recomeço,

movido por esse apreço,

embora esteja moído,

com o corpo dolorido,

conservei a mente aberta,

sem amarras e liberta,

pra caminhar sem tropeço.



E, agora, só me resta,

Lhe pedir para amainar,

a força do meu penar,

e conceder-me uma fresta,

por onde não haja aresta,

para por ela passar,

e conseguir consertar,

os fios de minha teia,

onde minha alma vagueia,

pra viver o que me resta.

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