domingo, 4 de novembro de 2007

TELHADOS SEM VALORES

O cair da tarde
Olho fixo para o retrato de meu país
Parte do retrato de meu país.
É o retrato que não aparece nos cartões postais
É a verdade escondida
Pelos becos e ruelas de minha cidade...

Uma chuva fina cai desde o amanhecer
Ela engrossa,
Mendigos disputam espaços com executivos
Contidos sem se fazerem diferentes
Todas as classes se misturam.
São calçadas cobertas por marquises
Todos se protegendo da chuva se fazem iguais.
Nessa hora não tem mendigos
Vendedores ambulantes protegem seus artigos
Meninos e meninas se aglomeram
Estudantes conversam
Homens e mulheres trocam olhares...

É o cair da tarde
É à noite chegando
Pessoas apressadas apressam seus passos.
A cidade vai se esvaziando
Amontoados pelos becos
Os donos das ruas e ruelas,
Vão preparando suas camas
Os banquetes de cachaças são servidos,
Vão passando de boca em boca.
São os donos desta minha cidade
Que seus expedientes nunca terminam...

Vou passeando observando e analisando,
De quando será que essas pessoas
Obterão chances e oportunidades
De um dia virem resgatarem suas identidades.
Não é mais a chuva fina que cai,
Ela não está mais grossa
É essa chuva de março
Que chega mansa
E depois se torna um dilúvio.
Eles riem entre si
E eu não querendo me assustar, me assusto:
Meu Deus pai criador,
O que fizeram essa gente
Que também são teus filhos
Para viverem como vivem, se é que isso é viver?

Já é noite porta da madrugada
O silencio impera em parte de minha cidade
Em outra,
O que se esperar na madrugada
Que personalidades ao dia se escondem
E nela, nas madrugadas se revelam.
São executivos a caça de prostitutas
São prostitutas vendendo seus corpos
São meninos e meninas se prostituindo
Drogam-se
Embebedam-se
São predadores ladrões punguistas
Que assaltam na moita
Aquele que foi iscado por uma dama da noite.
São cafetões espancando seus faturamentos
E no temporal em qualquer hotel barato
Uma batida policial
E jovens menores vão servir as autoridades...

O retrato de meu país
De ponta a ponta
Incluindo minha cidade
Fica pendurado na parede da consciência
Daqueles que não mais valorizam suas crenças
Não mais valorizam seus valores
Ignoram os que já tiveram valor.
Uma noite
Adentrando a madrugada
Mendigos... Bebedeiras... Orgasmos... Roubos...
Chuva forte que cai
Sobre os telhados que esqueceram de seus valores...

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